Desvio para o vermelho. |
De Cildo Meireles. |
O cotidiano contemporâneo evoca demasiadamente o sentido da visão e os outros sentidos passam despercebidos por nós. Algumas experiências podem promover um rasgo na realidade para ampliarmos nossa vivência no mundo.
Sábado passado foi um desses dias atípicos, em que houve esse rasgo no cotidiano. Tive a chance de visitar um lugar chamado Inhotim. Muitos já devem ter ouvido falar, mas para aqueles que ainda não ouviram nada a respeito, é um museu de arte contemporânea que fica ao lado de Belo Horizonte, no município de Brumadinho.
Foi uma experiência absolutamente sensorial. Um lugar de sonho, colorido, verde, cheio de toques, cheiros, sensações, frio na barriga e afetos. Os sentidos foram despertados trazendo junto afetos e possibilidades. E uma genuína abertura ao novo.
Essa experiência, aqui chamada de “rasgo na realidade”, assemelha-se ao que na Gestalt-terapia é conhecida como desvio. A experiência na clínica gestáltica convida o outro a ampliar os sentidos e as possibilidades por meio daquilo que o desvio provoca no consultante: algo que o atravessa, o afeta, o arrebata, o escapa por meio dos sentidos e de como o outro o desperta.
Raquel Guedes Pimentel.
Essa última foto, em especial, foi minha galeria favorita. Um sonho experimentá-la. Faço uso das palavras de Maria Helena Andrés ao descrevê-la internamente:
“Na instalação de Valeska Soares a música e a dança criavam um espaço de sonho. As figuras apareciam e desapareciam em um ritmo poético. Nessa dança virtual o visitante fazia parte do evento, ele se via nos espelhos e percorria a pista do cassino ali projetada como palco.” (Maria Helena Andrés)
Abaixo um vídeo que achei dessa galeria: